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Ilha
Eder Chiodetto

 

 

As diversas camadas que se sobrepõem à linguagem, quando esmiuçadas por um artista, podem fazer emergir estratégias ideológicas invisíveis até então. Com perspicácia, Faria detectou um paradoxo curioso nas imagens que anunciam novos prédios e condomínios. Hiper-realistas, geradas em computação gráfica, essas imagens têm a função de levar o futuro consumidor a enxergar uma projeção de algo que não existe. Almejam ser realistas como uma fotografia. No fim, elas retratam menos a edificação em si e mais o sonho de conquista da casa própria.

 

A Ilha de “papel-concreto” é um espaço de embates entre consumo, estratégias de sedução e realidade socioeconômica que o artista sabiamente nos faz enxergar nessas não fotografias. Recortados e remontados sobre volumes das próprias revistas nas quais foram anunciados, os prédios idealizados formariam uma ilha do desejo, não fosse a repetição enfadonha dessa meta-arquitetura que remete a tristes “guardadores de classe média”.

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